[Ténis] Discussão Geral

[Sobrado]

Já começou o primeiro Grand Slam do ano, o Australian Open a.k.a. The Happy Slam! Happy para alguns, eu cá ainda não consegui ultrapassar a ausência de Murray pelo menos até Junho.

João Sousa venceu na 1ª Ronda o sempre imprevisível Dustin Brown em cinco sets jogados ao longo de quase três horas. Óptimo resultado, acho que o objectivo mínimo dele está cumprido. Como tem sido hábito, volta a apanhar um "tubarão" logo nas primeiras rondas, e irá defrontar Marin Cilic na 2ª Ronda, finalista de Wimbledon de 2017 e vencedor do US Open em 2014, actual nº6 da hierarquia ATP.

Nadal de volta ao look "sleeveless" que celebrizou e que não usava há para aí uma década, estreou-se a vencer, com parciais esclarecedores de 6-1 6-1 6-1 frente ao dominicano Victor Estrella-Burgos. Em Quito a história era diferente, certamente. Kyrgios, Dimitrov e Thiem também venceram as suas partidas, ao passo que Jack Sock foi o primeiro Top 10 a ser eliminado no quadro masculino. Também John Isner foi eliminado, o que significa que dois dos três melhores americanos do ranking já ficaram pelo caminho em Melbourne. Kevin Anderson, finalista surpreendente do US Open de 2017 também ficou pelo caminho, aos pés de Kyle Edmund.



No quadro feminino, continuou o dia desastroso para o ténis norte-americano. Venus Williams e Coco Vandewhege, duas Top 10, e a vencedora do US Open de 2017, Sloane Stephens, ficaram pelo caminho logo a abrir. Destaque para Belinda Bencic, jovem menina-prodígio suíça que venceu a mais velha das manas Williams depois de ter vencido a Hopman Cup ao lado de Roger Federer na semana passada.

Quanto aos jogos de hoje: Karolína Plískova, Sasha Zverev, Simona Halep e Roger Federer são os destaques da Rod Laver Arena. Mas também na Margaret Court Arena, motivos de interesse não faltam: Novak Djokovic faz o seu regresso aos Grand Slam após longa paragem por lesão, e Sharapova volta à Austrália onde venceu em 2008. Na sessão nocturna do segundo court do complexo, entram no court Garbiñe Muguruza e Juan Martín Del Potro, o que é sempre garantia de espectáculo e de uma legião de fãs argentinos.

[Sobrado]

Concluída a 2ª Ronda do Australian Open, surpresas não têm faltado e o dia de ontem foi recheado delas. Muita coisa aconteceu, por isso faço aqui um resumo destes primeiros dias em jeito de bullet points, para que fiquem a saber o que de mais importante tem acontecido em Melbourne.

Quadro Masculino:

• Rafael Nadal e Roger Federer têm conseguido avançar os seus jogos com relativa facilidade e já estão na 3ª Ronda, onde defrontarão o bósnio Damir Dzumhur (28º cabeça-de-série) e o francês Richard Gasquet (29º cabeça-de-série), respectivamente. O jogo entre Federer e Gasquet é um must-see para os românticos da esquerda a uma mão e um duelo onde jogadas de finesse não devem faltar.
  
• O regressado Novak Djokovic ultrapassou sem dificuldades Donald Young na 1ª Ronda, mas na passada madrugada sentiu algumas dificuldades para bater o sempre espectacular e imprevisível Gaël Monfils em quatro sets. O grande protagonista da partida acabou por ser mesmo o calor, que levou a que Monfils pedisse ajuda médica no final do segundo set e que o fez cambalear durante boa parte do mesmo. Djokovic conseguiu lidar melhor com a alta temperatura australiana, que rondava os 40ºC fora da Rod Laver Arena mas que, junto ao court, chegava perto dos 60ºC. Condições desumanas para praticar desporto e que têm levado a uma onda de polémica e contestação para com a organização do torneio, que não interrompeu a partida nem optou por fechar o tecto amovível.
  
• Stan Wawrinka ainda está à procura da sua melhor forma após longa ausência e acabou por sucumbir de forma inesperada frente ao curioso Tennys Sandgren (que tem uma maravilhosa página da Wikipedia). Sandgren junta-se assim a Ryan Harrison como os únicos norte-americanos em prova, depois das eliminações dos cabeças-de-série John Isner, Jack Sock e Sam Querrey. Quem diria.
  
• Nick Kyrgios parece finalmente estar com a cabeça no sítio e pronto para competir pelo título do Grand Slam que muitos duvidam se algum dia virá a conseguir. O temperamental australiano ainda não perdeu qualquer set, e na 3ª Ronda desta madrugada defrontará o seu ídolo, Jo-Wilfried Tsonga. Tsonga eliminou em cinco espectaculares sets a grande promessa canadiana, Denis Shapovalov, e agora terá pela frente um Kyrgios que é garantia de espectáculo. Um dos jogos mais aguardados do torneio, e duvido que não corresponda às expectativas.
  
• Noutros jogos de destaque da 2ª Ronda, Dominic Thiem viu-se em grandes dificuldades para ultrapassar o norte-americano Denis Kudla, tendo estado a perder por dois sets a zero; também David Goffin (vencedor das ATP Finals de 2017) protagonizou uma das surpresas da jornada de ontem, ao ser derrotado pelo veteraníssimo (e derrotado em todas as 10 finais de torneios ATP que disputou) Julien Benneteau, num jogo onde Goffin acusou claramente os efeitos do calor no seu físico franzino e susceptível a lesões e a problemas respiratórios; a 3ª Ronda terá também um duelo entre dois gigantes do serviço, Tomás Berdych e Juan Martín del Potro, que eliminaram Guillermo García-López e Karen Khachanov, respectivamente.
  
• Quanto ao nosso João Sousa, foi eliminado pelo claro favorito Marin Cilic na 2ª Ronda do torneio de singulares masculino, mas ontem venceu a sua partida de pares, junto a Leonardo Mayer. A dupla luso-argentina venceu o par composto pelo norte-americano James Cerretani e pelo britânico Ken Skupski, e avança assim para a 2ª Ronda do torneio de pares masculino, onde defrontará o par 10º cabeça-de-série do especialista indiano Rohan Boppana e do francês Edouard Roger-Vasselin.
  

Quadro Feminino:

• Também no torneio de singulares feminino, as duas primeiras cabeças-de-série chegaram à 3ª Ronda. Simona Halep venceu na madrugada passada a mais-socialite-que-tenista Eugenie Bouchard em parciais conclusivos, e irá agora defrontar a norte-americana Lauren Davis. Já Caroline Wozniacki, de volta aos lugares cimeiros do ranking, apanhou um susto valente frente a Jana Fett, surpreendente e aguerrida croata que tinha defrontado apenas uma Top 20 na carreira e que ocupa o lugar 119 do ranking mundial: a dinamarquesa perdeu o primeiro set, venceu o segundo, e enfrentou uma situação de 5-1 e dois match points no serviço de Fett no terceiro set, alcançando uma reviravolta emocionante que fechou o jogo com um parcial de 7-5 para Miss Sunshine no set decisivo. Mas, pela forma como se exibiu, Jana Fett será um nome para ter em atenção no futuro. Wozniacki terá agora pela frente a potente holandesa Kiki Bertens, 30ª cabeça-de-série.
  
• Noutra das grandes surpresas do torneio, Garbiñe Muguruza, vencedora de Wimbledon e ex-nº 1 Mundial em 2017, foi eliminada em dois sets pela habilidosa Su-Wei Hsieh, num confronto de estilos em que a espanhola não soube utilizar a sua maior potência para contrariar a capacidade defensiva e de variação de jogo da jogadora da Formosa. Um dos grandes choques do torneio até ao momento, apesar da lesão na coxa que aparenta não estar totalmente ultrapassada por Muguruza. Nem de propósito, Hsieh irá defrontar "A Professora" Agnieszka Radwanska na 3ª Ronda, duas jogadores que compensam o que não têm em potência com fantástica técnica. Grande duelo em perspectiva.
  
• Angelique Kerber continua invencível em 2018: venceu todos os seus jogos na Hopman Cup, levantou o troféu em Sydney e continua imparável até ao momento em Melbourne, tendo atropelado Donna Vekic na 2ª Ronda na semana em que completa 30 anos. Para a sua 3ª Ronda, fica reservado um dos confrontos mais aguardados do torneio, uma vez que irá defrontar Maria Sharapova, que também ultrapassou de forma convincente a letã Anastasija Sevastova, que a venceu no passado US Open.
  
• Também a britânica Johanna Konta continua a mostrar-se bastante inconsistente em torneios do Grand Slam, e terminou a sua participação no Australian Open (e no país onde nasceu) na 2ª Ronda, aos pés da croata naturalizada americana Bernarda Pera, nº 123 do ranking WTA.
  
• Quanto a outros duelos de interesse da 3ª Ronda: a favorita da casa, Ashleigh Barty, irá ter pela frente a nipónico-americana Naomi Osaka, num duelo de ténis extremamente ofensivo; ainda o interessantíssimo duelo checo entre Karolína Plískova e Lucie Safarova e ainda outro confronto fratricida entre Elina Svitolina, tal como Plískova uma das favoritas a vencer o caneco, e Marta Kostyuk, de... 15 anos!; por fim, de destacar o duelo báltico entre a letã campeã em título de Roland Garros, Jelena Ostapenko, e a estoniana Anett Kontaveit.
  

Portanto, dois jogos a não perder: primeiro, Nick Kyrgios vs Jo-Wilfried Tsonga a abrir a sessão nocturna da próxima jornada na Rod Laver Arena, ou seja, por volta das 8 horas da manhã de sexta-feira em Portugal. E no dia seguinte, o grande duelo entre Angelique Kerber, campeã de 2016, e Maria Sharapova, campeã de 2008, que certamente também terá lugar na arena principal de Melbourne Park. Grande torneio até ao momento.

[Dani]

Como está o Baggy Baghdatis?

[Sobrado]

Como está o Baggy Baghdatis?

Foi eliminado na 2ª Ronda pelo Andrey Rublev, um miúdo de 20 anos que é das maiores promessas do ténis mundial. E que ontem também foi eliminado pelo Dimitrov, mas deu uma óptima réplica. Tem um potência incrível. Mas as lesões já acabaram um bocado com o Baghdatis...

[Almeida]

E que ontem também foi eliminado pelo Dimitrov

Esse é que parece um craque do crl.

[Sobrado]

Terminados os Oitavos-de-Final nos dois quadros... Que wild-ride tem sido este primeiro Grand Slam da temporada.

Quadro Masculino:

• Rafael Nadal e Roger Federer, os dois principais pontos de destaque do torneio, finalistas do ano passado e consensuais favoritos a chegar à final, continuam a vencer os seus jogos. Federer de forma mais tranquila, continuando sem perder qualquer set: venceu Richard Gasquet na 3ª Ronda num duelo de elevado grau técnico (ver últimos quatro pontos do encontro para amostra) e eliminou o surpreendente estreante Martón Fucsovics nos Oitavos sem suar muito. Já Nadal, arrumou facilmente com Damir Dzumhur mas teve de elevar o nível para eliminar o argentino Diego Schwartzman, um dos melhores returners do circuito e que com o seu metro-e-setenta fez ao maiorquino o que este costuma fazer aos seus adversários: devolver todas as bolas e obrigar Nadal a jogar para as linhas e a errar. Os dois primeiros sets foram provavelmente do maior nível a que o torneio masculino chegou até ao momento, tendo Schwartzman conseguido vencer um set no tie-break a Nadal, o primeiro perdido pelo espanhol. A partir daí, Nadal superiorizou-se fisicamente, como é seu apanágio, e o seu top-spin e profundidade de bola começaram a tornar-se incomportáveis para um Schwartzman que vai embora de Melbourne como um dos heróis do torneio.
  
• Mas o grande destaque do torneio até ao momento vai para o sul-coreano Hyeon Chung, um dos mais prometedores jogadores da NextGen e que tem vindo a passear classe pelos courts de Melbourne. Venceu Alexander Zverev, rival de geração, em cinco intensos sets, aplicando até um 6-0 no set final, numa partida que revelou toda a sua força e estabilidade mental, pouco comum nos seus 21 anos. Mas o grande choque do torneio aconteceu na última manhã, ao derrotar o campeoníssimo e recordista de títulos do Australia Open, Novak Djokovic, em apenas três convincentes sets. 7-6 7-5 7-6 foram os parciais de um encontro que revelou um Chung a aliar na perfeição a sua capacidade defensiva e de jogo de pés ao seu lado menos conhecido de shot-maker, mas o que surpreendeu acima de tudo foi a maneira corajosa e altamente eficaz como o sul-coreano enfrentou os pontos decisivos, vencendo quase todos, e nunca se deixando abalar por ocasionais desvantagens ou oscilações de performance. Vamos ouvir falar muito dele no futuro, e já é a grande surpresa do torneio. Vejam!
  

Estou sem paciência para escrever sobre o resto para ninguém ler, por isso resta dizer que Grigor Dimitrov ganhou a Nick Kyrgios nos Oitavos-de-Final naquele que foi um dos grandes jogos do torneio masculino. Os quartos de final começam hoje, com Rafael Nadal vs Marin Clic e Grigor Dimitrov vs Kyle Edmund. Amanhã teremos o surpreendente jogo entre não-cabeças-de-série Tennys Sandgren vs Hyeon Chung e ainda Tomás Berdych vs Roger Federer.

Quanto a previsões: Nadal em 3 sets, Dimitrov em 4 sets, Chung em 4 sets e Federer em 5 sets. Nadal vence Dimitrov na meia-final em 4 sets, Federer vence Chung também em 4 sets. Nadal vence final e desforra o ano passado em 5 sets.

Quadro Feminino:

Apesar de ter sido eliminada por Angelique Kerber nos Oitavos-de-Final, a heroína do torneio até ao momento é Su-Wei Hsieh. A partida frente à germânica deve ter sido um dos melhores encontros a que já assisti. O tipo de ténis praticado pela jogadora da China Formosa deve ser das coisas mais incríveis do ténis actual. A maneira como joga de forma tão simples e prática é uma lufada de ar fresco num ténis cada vez mais dominado pela potência e peso de bola. Ataca cedo, joga para os espaços vazios, e abre ângulos de direita e de esquerda de formas como provavelmente não se vê desde o auge de Fabrice Santoro, tudo com uma técnica primorsa. Tem tudo para se tornar uma jogadora de culto pelo seu estilo de jogo peculiar, e esperemos que volte a escalar no ranking muito rapidamente. Isto foi absolutamente brilhante, e palavra de destaque também para a maneira como Kerber conseguiu contrariar a forma como Hsieh a obrigou a jogar. É provavelmente a grande favorita a vencer o torneio neste momento.

Os Quartos-de-Final também começam na madrugada de hoje, com Elise Mertens vs Elina Svitolina, e continuam na sessão nocturna com Carla Suárez Navarro vs Caroline Wozniacki. Mas amanhã, isso sim, dois grandes jogos no quadro feminino: Simona Halep vs Karolína Plískova e Madison Keys vs Angelique Kerber. Dois confrontos entre jogadores de potência e ataque contra duas counterpunchers de elite, em que fazer qualquer tipo previsões é muito arriscado.

Mas pronto, I'm living on the edge, por isso cá vão as minhas: Svitolina em 3 sets frente a Mertens, Wozniacki em 2 sets, Plískova em 2 sets e Kerber em 3 sets. Nas meias-finais, Wozniacki vence Svitolina em 3 sets e Plískova vence Kerber também em 3 sets. Na final, Wozniacki volta a quebrar no momento decisivo e Plískova vence o seu primeiro torneio do Grand Slam, em apenas 2 sets.

[Dani]

Nadal rasgou mesmo?

[Sobrado]

Bem, eu SABIA que não devia tentar fazer previsões, este continua a ser um dos torneios mais surpreendentes dos últimos tempos. Nadal rasgou mesmo, sim, quando estava em vantagem de dois sets a um frente a Cilic. Acabou por desistir aos 2-0 do quinto set. Despedida inglória.

E Cilic vai defrontar... Kyle Edmund! Eliminou Dimitrov com uma exibição algo desinspirada do búlgaro e extremamente consistente de Edmund, que com a lesão de Murray pode passar a ser o próximo nº1 britânico. Não pára de espantar este torneio. xz

E ontem, outra surpresa ainda. Elise Mertens venceu Svitolina em dois sets completamente convincentes, e anda a jogar lindamente. Quem sabe se não vai ser a próxima grande jogadora belga depois da ressaca pós-Henin e Clijsters.

Wozniacki foi a única a conseguir um resultado "normal", tendo a mais cotada dinamarquesa vencido Carla Suárez Navarro em três sets.

Como as coisas estão, diria que Berdych arruma Federer com parciais de 6-0 6-0 6-0, porque já não sei mesmo o que esperar. xz De resto, três jogos muito equilibrados hoje, entre Chung e Sandgren, Halep e Plískova e, a abrir, Kerber e Madison Keys.

[Almeida]

O Chung fez ao Djokovic, o que o Djokovic fez aos outros durante anos.

[Sobrado]

20º Grand Slam para Federer. Melhor de sempre. Pouco mais há a dizer. Estes últimos dois anos estão a consagrá-lo não só como o melhor tenista de todos os tempos como também o integram na discussão de melhor desportista da história. A longevidade dele é incrível. 36 anos.





Palavra também para Marin Cilic, que parece estar na sua melhor fase desde que venceu o US Open em 2014. Extremamente combativo e mais agressivo do que nos últimos anos, mereceu totalmente chegar à final e levou Federer a cinco sets, ainda que nenhum deles tenha feito uma exibição de encher o olho. Com todos os problemas físicos do Big Four + Stan, não era de admirar que Cilic pudesse alcançar o seu melhor ranking de sempre esta temporada e que talvez viesse a alcançar outra final de um Grand Slam.

Ontem também houve uma excelente final, extremamente emocional e com diversos pontos de interesse. Caroline Wozniacki conseguiu finalmente o título de Grand Slam que procurava há uma década, à sua terceira final. Está claramente na melhor fase da carreira, é uma jogadora muito mais completa do que quando estava no 1º lugar do ranking há uns anos e está mentalmente mais forte que nunca. Esperemos que desta vez se consiga manter mais estável. Ainda assim, fiquei triste por Halep, tem jogado a um nível incrível de forma extremamente regular nos últimos anos, e também tentava o seu primeiro título de um Major, curiosamente também à terceira tentativa. Não conseguiu e perdeu o 1º lugar do ranking exactamente para Wozniacki, mas protagonizou certamente três dos melhores encontros do torneio: primeiro frente a Lauren Davis, depois a meia-final contra Angelique Kerber e depois esta final exasperante e que a levou ao hospital por desidratação contra Wozniacki. Pelo título do Grand Slam que ambas perseguiam há muito tempo e pela liderança do ranking estar em jogo, era um jogo com imensos pontos de interesse e não desiludiu.



Em jeito de balanço final:

• Para os portugueses, torneio dentro do normal, com João Sousa a cumprir os serviços mínimos e a alcançar a 2ª Ronda, tendo sido eliminado apenas pelo finalista vencido do torneio, Marin Cilic. Foi pena só termos tido um participante português e espero que em Roland Garros possamos ter João Sousa e Gastão Elias, pelo menos.
  
• Torneio feminino claramente mais interessante que o masculino. Mais imprevisível, melhores encontros nas fases decisivas (especialmente os já referidos de Halep), mais emocionante em termos de lutas por lugares cimeiros do ranking, e uma habitual cinderella story, a da semi-finalista mentorada por Kim Clijsters, Elise Mertens. Ela que me perdoe, mas que bem que faz não haver Serena...
  
• Faltou algum star power no torneio masculino com a eliminação precoce de Djokovic, Raonic, Zverev e Wawrinka e a não-participação de Murray e Nishikori. Felizmente, isso serviu para que emergissem novas estrelas. Não há como fugir ao nome de Hyeon Chung, mas também Kyle Edmund revelou ter muito mais futuro do que a maioria imaginaria (talvez graças ao trabalho espectacular de Fredrik Rosengren com o britânico) e Tennys Sandgren que, à parte das acusações que o ligam à extrema-direita norte-americana, terá garantido muitos mais fãs.
  
• Esperava mais de Dimitrov, Zverev e de toda a armada norte-americana de Isner, Querrey e Sock. No torneio feminino, pedia-se mais de Svitolina (que continua sem impressionar em Grand Slams), Plískova, Muguruza, Ostapenko e Konta. E... também da armada norte-americana, que à excepção de Madison Keys ficou vários furos abaixo do expectável, especialmente depois do fabuloso US Open conseguido em 2017. Nem Sloane Stephens nem CoCo Vandeweghe passaram da 1ª Ronda.
  

Para terminar, o meu top 10 de encontros (dos que vi):

1. Simona Halep vs Angelique Kerber, 6-3 4-6 9-7, Meia-Final Feminina
   
2. Simona Halep vs Lauren Davis, 4-6 6-4 15-13, 3ª Ronda Feminina
   
3. Hyeon Chung vs Novak Djokovic, 7-6 7-5 7-6, 4ª Ronda Masculina
   
4. Rafael Nadal vs Diego Schwartzman, 6-3 6-7 6-3 6-3, 4ª Ronda Masculina
   
5. Angelique Kerber vs Su-Wei Hsieh, 4-6 7-5 6-2, 4ª Ronda Feminina
   
6. Grigor Dimitrov vs Nick Kyrgios, 7-6 7-6 4-6 7-6, 4ª Ronda Masculina
   
7. Caroline Wozniacki vs Jana Fett, 6-3 2-6 7-5, 2ª Ronda Feminina
   
8. Jo-Wilfried Tsonga vs Denis Shapovalov, 3-6 6-3 1-6 7-6 7-5, 2ª Ronda Masculina
   
9. Nick Kyrgios vs Jo-Wilfried Tsonga, 7-6 4-6 7-6 7-6, 3ª Ronda Masculina
   
   
10. Roger Federer vs Richard Gasquet, 6-2 7-5 6-4, 3ª Ronda Masculina
    

As fotos são do The Guardian.

Em Maio volto a chatear-vos, na terra batida de Roland Garros.

[Almeida]

Hyeon Chung futuro nº 1!

[Sobrado]

Roger Federer acabou de se tornar há minutos o mais velho Nr. 1 do Ranking da história do ténis, aos 36 anos. :') Venceu Robin Haase nos Quartos-de-Final do Torneio de Roterdão e ultrapassou assim Nadal no topo do ranking ATP.

Supera o recorde masculino de Andre Agassi, que esteve no topo do ranking ATP aos 33 anos, e o recorde absoluto de Serena Williams, Nr. 1 aos 35. Se já era o melhor de sempre antes deste seu regresso... Estes últimos dois anos estão a pô-lo num nível inalcançável, estratosférico. Isto não era suposto acontecer, mas he did it.

Top 3 de atletas da história, who says no?

[Sobrado]

Bem, andava a resistir nos últimos dias vir-vos chatear com isto, mas agora que o João Sousa chegou à final... Lá vai ter de ser.

Grande torneio no Estoril, talvez sem o elenco ou as estrelas de outros anos mas com um grande nível tenístico nos jogos a que assisti. Depois de umas primeiras rondas com alguns jogos muito interessantes e uma ou outra surpresa, chegámos a uma fase final com Meias-Finais entre o nosso João Sousa e a nova coqueluche do pó-de-tijolo, Stefanos Tsitsipas, e uma outra entre mais um NextGen, Frances Tiafoe, e o campeão em título, Pablo Carreño Busta.

Começando pelo João, chegou a esta Meia-Final tendo eliminado Daniil Medvedev, Pedro Sousa e Kyle Edmund, que é "só" semi-finalista do passado Australian Open, e que chegava ao Estoril como nº1 britânico, 3º cabeça-de-série e no seu melhor ranking da carreira, à porta do Top 20. Venceu primeiro o russo, 8º cabeça-de-série, em dois sets apertados, e triunfou perante o compatriota e homónimo Pedro Sousa em três sets emocionantes de longas trocas de bola. Jogou primorosamente frente a Edmund, embora voltando a revelar alguma inconsistência com uma quebra de concentração grande no segundo set, mas retomou o bom nível num terceiro set que venceu de forma contundente por 6-0.

Já Tsitsipas, eliminou os espanhóis Pablo Andújar e Roberto Carballes Baena mas especialmente Kevin Anderson, finalista do passado US Open e nº9 do ranking ATP. Este feito do grego seria mais surpreendente se tivesse acontecido há mais tempo, porque a verdade é que Tsitsipas chega ao Estoril depois de uma semana gloriosa no ATP 500 de Barcelona, em que venceu... drumroll... Diego Schwartzmann, Albert Ramos-Viñolas, Dominic Thiem e Pablo Carreño Busta! Consecutivamente! O miúdo de 19 anos, ex-nº1 mundial júnior, fez um percurso incrível no torneio catalão e acabou por só perder na final com Rafa Nadal, que continua a dominar a época de terra batida. Esperava-se, por isso, um embate muito difícil para o João.

A verdade é que o vimarenense prevaleceu mesmo, vencendo o primeiro set num parcial apertado e voltando a quebrar num segundo set de maior desacerto, mas terminando de forma convincente com um terceiro set do melhor que já se viu no pó-de-tijolo do Estoril. 7-4 no tie-break do terceiro set e um passaporte para a final, onde fica agora à espera do confronto entre Tiafoe e Carreño Busta.

Quanto a outros destaques do torneio, parece-me obrigatório falar da presença portuguesa: o segundo melhor atrás de João Sousa foi exactamente Pedro Sousa, o único português para além do Conquistador a chegar à 2ª Ronda e que chegava com estatuto de Wildcard. Ainda assim, grande destaque para o lisboeta, que na 1ª Ronda venceu Gilles Simon, num dos seus triunfos mais importantes da carreira. Gastão Elias perdeu na 1ª Ronda com o promissor australiano Alex De Minaur, o qualifier João Domingues perdeu também a abrir frente ao experiente Simone Bolelli e Frederico Silva perdeu para o espanhol Ricardo Ojeda Lara.

Fica agora a dúvida sobre quem será o adversário de João Sousa numa das finais mais importantes da sua carreira, e espera-se um excelente embate entre Tiafoe que eliminou, entre outros, Gilles Müller (4º cabeça-de-série), e Pablo Carreño Busta, que tem vindo a fazer um percurso tranquilo até à fase decisiva do torneio que pretende conquistar pela segunda vez consecutiva.

Numa última nota, João Sousa joga ainda hoje a Meia-Final da variante de pares, ao lado do argentino Leonardo Mayer. Irão defrontar o britânico Kyle Edmund (que ainda deve ter pesadelos com o João depois da derrota de ontem) e o sul-africano Cameron Norrie (curiosamente, dois naturais de Joanesburgo). Na outra Meia-Final, a dupla de Artem Sitak e Wesley Koolhof já garantiu lugar no jogo decisivo, vencendo a dupla de Jonathan Eysseric e Joe Salisbury.

Em jeito de balanço, resta dizer que, apesar dos títulos em Kuala Lumpur e Valência conquistados em 2015, ambos de categoria ATP 250 tal como o do Estoril, uma eventual vitória de João Sousa no Millenium Estoril Open seria provavelmente a sua mais importante de sempre e, consequentemente, a mais relevante da história do ténis português. Especialmente porque se trataria da primeira vitória portuguesa em qualquer um das versões do mais prestigiado e desejado torneio nacional, desde a fundação do velhinho Estoril Open em 1990. Na memória está ainda a final de 2010 de Frederico Gil frente a Albert Montañés, até hoje o melhor resultado português no torneio: é tempo de apagar esse resultado agridoce com uma vitória na final de amanhã.

[Dani]

Bela surpresa que se viu no Estoril. <3

[Sobrado]

Antes de ir finalmente dormir, queria só destacar que o sorteio de Roland Garros se realizou hoje e que o torneio terá início no fim-de-semana.

Alguns motivos de interesse: para começar, o sorteio do João Sousa. Na 1ª Ronda defronta o argentino Guido Pella e, caso avance, muito provavelmente irá encontrar... Rafa Nadal! :lool: Pelo que pode ser uma óptima oportunidade para vermos o João num dos courts principais do torneio de Paris, e quero eu acreditar que seja no Court Philippe Chatrier.

Também é uma boa oportunidade para o vermos ser aniquilado em court, uma vez que Nadal tem dominado completamente a temporada de terra batida: depois da lesão em Melbourne, conseguiu o 11º título em Monte Carlo, o 11º título em Barcelona e o 8º título em Roma, tendo pelo meio perdido apenas uma partida, para Thiem nas meias-finais de Madrid. Nada de novo, portanto, e tudo isto para dizer que parte como claríssimo favorito à conquista do torneio. Chega também a Roland Garros com o 1º lugar do ranking ATP e dependente de uma vitória em Paris para o manter, devido ao facto de ter os 2000 pontos da vitória do ano passado a defender. Na 1ª Ronda, defronta o sempre imprevisível ucraniano Alexandr Dolgopolov.

Como grandes motivos de interesse do torneio, os regressos: Kei Nishikori e Stan Wawrinka voltam aos grandes palcos depois de um tempo considerável de paragem por lesão e Novak Djokovic faz o seu regresso "oficial" aos torneios do Grand Slam depois de uma passagem desinspirada por Melbourne e em que não pareceu nas melhores condições físicas, dando sinais uma recuperação claramente acelerada. Aparece em Paris já sem Agassi ao seu lado mas com o seu treinador de sempre, Marian Vajda.

Quanto a outros jogos das principais figuras do quadro masculino: Marin Cilic (3º cabeça-de-série) defronta o australiano James Duckworth, Juan Martín Del Potro (5º) tem pela frente o tenista da casa e especialista de relva Nicolas Mahut e Sasha Zverev (2º) defronta o antigo prodígio lituano Ricardas Berankis. Dominic Thiem (7º) ainda não tem adversário, estando à espera do desfecho do quadro de qualifying.

Falando em qualifying, Gonçalo Oliveira poderá protagonizar amanhã a mais importante história da sua carreira, uma vez que joga a 3ª e última ronda da qualificação frente a Bernard Tomic, jogo que poderá ditar a sua primeira presença num quadro principal de um torneio do Grand Slam e assim ser o segundo português em prova, para além de João Sousa.

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No quadro feminino, outro regresso de grande destaque: a super-campeã Serena Williams volta aos torneios do Grand Slam após uma pausa prolongada devido à sua gravidez, sendo que não aparecia num Major desde a sua vitória no Australian Open de 2017. Defrontará na 1ª Ronda a checa Kristyna Plískova, irmã de Karolína, num confronto entre duas não-cabeças-de-série.

E, num torneio muito marcado pelos regressos, não podia faltar mais um: Victoria Azarenka, quase um ano depois da sua participação em Wimbledon. Depois de um calvário de dois anos marcados por uma gravidez, várias lesões e problemas de saúde e ainda dramas pessoais à volta de uma custódia parental, é bom ter Vika de volta! A abrir, terá pela frente a checa Katerina Siniakova.

A surpreendente campeã em título Jelena Ostapenko (5ª cabeça-de-série) terá pela frente a ucraniana Kateryna Kozlova e Elina Svitolina chegará da sua vitória em Roma altamente moralizada para o seu confronto de 1ª Ronda com a australiana Alja Tomljanovic.

Simona Halep (1ª cabeça-de-série e Nº1 Mundial) defrontará a norte-americana Allison Riske, Angelique Kerber (12ª) terá um confronto fratricida com Mona Barthel, Garbiñe Muguruza (3ª) terá uma adversária de peso em Svetlana Kuznetsova, Venus Williams (9ª) defrontará a chinesa Qiang Wang e Caroline Wozniacki (2ª) irá encontrar a norte-americana Danielle Collins.

Maria Sharapova (28ª), Karolina Plískova (6ª) e Sloane Stephens (10ª) ainda esperam por adversárias.