09-11-2016, 11:11
[noticia=Público]
Donald Trump é o novo Presidente dos EUA
PÚBLICO
09/11/2016 - 07:32
Desafiando as previsões das sondagens, Donald Trump será o próximo Presidente dos Estados Unidos, sucedendo a Barack Obama.
![[Imagem: Cwzcp5XXcAA3UZ8.png:small]](https://pbs.twimg.com/media/Cwzcp5XXcAA3UZ8.png:small)
O candidato do Partido Republicano conseguiu a maioria dos grandes eleitores que formam ao colégio eleitoral, ultrapassando a fasquia dos 270 necessários com as vitórias na Pensilvânia e Wisconsin.
Nos chamados swing states (estados oscilantes), Donald Trump foi superior a Hillary Clinton, vencendo a democrata no Ohio, na Florida, na Carolina do Norte e no Iowa.[/noticia]
[noticia=Público]
É amarga, mas justa, a lição que Donald Trump acabou de nos dar
MIGUEL ESTEVES CARDOSO
09/11/2016 - 10:09
É um dia feliz para Donald Trump e para a maioria que o elegeu. Para nós é um dia triste e, do ponto de vista profissional, pelo menos para mim, vergonhoso.
Trump ganhou. Nós perdemos. Por nós quero eu dizer os meios de comunicação social dos EUA e da Europa. Segundo as histórias que nós contámos aos leitores e uns aos outros o que acaba de acontecer era impossível.
As nossas sondagens e opiniões – incluindo as minhas – não só se enganaram redondamente como contribuiram para criar um perigoso unanimismo que fez correr uma cortina de fumo digno dos propagandistas oficiais dos estados totalitários.
Eu leio todas as semanas duas revistas conservadoras americanas – The Weekly Standard e National Review. Leio todos os dias o igualmente pro-Republicano Wall Street Journal. Em nenhum deles fui avisado que Trump poderia ganhar.
Sinto-me vítima de uma conspiração – não da parte de Trump mas da parte dos media. Aquilo que aconteceu não foi a cobertura das eleições americanas, mas antes uma vasta campanha publicitária a favor de Hillary Clinton onde até revistas apolíticas como a Variety participaram.
Donald Trump foi sujeito à maior e mais violenta campanha de ataques pessoais que alguma vi na minha vida. Todos as principais publicações alinharam entusiasticamente. Sem recorrer a sites de extrema-direita o únicosite que defendia Trump foi o extraordinário Drudge Report. Foi só através dele que comecei a achar – e aqui vim dizer – que o eleitorado reage sempre mal às ordens paternalistas dadas por uma unanimidade de comentadores, jornalistas e celebridades.
A eleição de Donald Trump foi um triunfo da democracia e uma derrota profunda dos meios de comunicação social.
Claro que Trump não é nenhum outsider. É um bilionário que sempre fez parte da ordem estabelecida, da elite que dá as ordens e manda na economia dos EUA. É um amigo de Hillary e Bill Clinton que só se tornou ex-amigo porque lhe deu na gana ser presidente dos EUA.
Agora é. Conseguiu o que queria. Há-de voltar as costas ao eleitorado que o elegeu logo que perceba que a única coisa que esse eleitorado tinha para lhe dar já foi dado: os votos de que ele precisava para ser eleito.
Já fez o elogio de Hillary Clinton. Já disse que vai representar todos os americanos. Vai-se tornar lentamente um republicano moderado e liberal. Os oportunistas têm sempre essa vantagem da metamorfose.
Trump ganhou contra grande parte do Partido Republicano mas foi graças a ele que o Partido Republicano manteve a maioria no Senado e no Congresso. Se Trump fosse o populista aventureiro que finge ser aproveitaria para minar o sistema político vigente, tirando partido do poder político pessoal que agora tem.
Mas não fará nada disso. O Partido Republicano tem agora tudo na mão.
Trump presidirá à complacência do poder político instalado, do poder recuperado das mãos de Obama. O velho sistema político será reforçado e os beneficiários serão os de sempre: os que menos precisam.
E os media? Que vamos nós fazer? Continuar em campanha? Continuar a enganarmo-nos e a enganar quem nos lê?
Mostrarmo-nos surpreendidos e atónitos não chega. Só revela o mau trabalho que fizemos. Dizer que foi um choque, que ninguém estava à espera só aponta para o mundo ilusório onde reside a nossa própria zona de conforto.
Não é Trump que tem de dar uma reviravolta. Somos nós. Trump ganhou porque foi eleito. Nós perdemos porque fomos derrotados pelos nossos próprios preconceitos e pelo excesso de zelo com que perseguimos a vitória de Hillary Clinton.
É um dia feliz para Donald Trump e para a maioria que o elegeu. Para nós é um dia triste e, do ponto de vista profissional, pelo menos para mim, vergonhoso.[/noticia]
Donald Trump é o novo Presidente dos EUA
PÚBLICO
09/11/2016 - 07:32
Desafiando as previsões das sondagens, Donald Trump será o próximo Presidente dos Estados Unidos, sucedendo a Barack Obama.
![[Imagem: Cwzcp5XXcAA3UZ8.png:small]](https://pbs.twimg.com/media/Cwzcp5XXcAA3UZ8.png:small)
O candidato do Partido Republicano conseguiu a maioria dos grandes eleitores que formam ao colégio eleitoral, ultrapassando a fasquia dos 270 necessários com as vitórias na Pensilvânia e Wisconsin.
Nos chamados swing states (estados oscilantes), Donald Trump foi superior a Hillary Clinton, vencendo a democrata no Ohio, na Florida, na Carolina do Norte e no Iowa.[/noticia]
[noticia=Público]
É amarga, mas justa, a lição que Donald Trump acabou de nos dar
MIGUEL ESTEVES CARDOSO
09/11/2016 - 10:09
É um dia feliz para Donald Trump e para a maioria que o elegeu. Para nós é um dia triste e, do ponto de vista profissional, pelo menos para mim, vergonhoso.
Trump ganhou. Nós perdemos. Por nós quero eu dizer os meios de comunicação social dos EUA e da Europa. Segundo as histórias que nós contámos aos leitores e uns aos outros o que acaba de acontecer era impossível.
As nossas sondagens e opiniões – incluindo as minhas – não só se enganaram redondamente como contribuiram para criar um perigoso unanimismo que fez correr uma cortina de fumo digno dos propagandistas oficiais dos estados totalitários.
Eu leio todas as semanas duas revistas conservadoras americanas – The Weekly Standard e National Review. Leio todos os dias o igualmente pro-Republicano Wall Street Journal. Em nenhum deles fui avisado que Trump poderia ganhar.
Sinto-me vítima de uma conspiração – não da parte de Trump mas da parte dos media. Aquilo que aconteceu não foi a cobertura das eleições americanas, mas antes uma vasta campanha publicitária a favor de Hillary Clinton onde até revistas apolíticas como a Variety participaram.
Donald Trump foi sujeito à maior e mais violenta campanha de ataques pessoais que alguma vi na minha vida. Todos as principais publicações alinharam entusiasticamente. Sem recorrer a sites de extrema-direita o únicosite que defendia Trump foi o extraordinário Drudge Report. Foi só através dele que comecei a achar – e aqui vim dizer – que o eleitorado reage sempre mal às ordens paternalistas dadas por uma unanimidade de comentadores, jornalistas e celebridades.
A eleição de Donald Trump foi um triunfo da democracia e uma derrota profunda dos meios de comunicação social.
Claro que Trump não é nenhum outsider. É um bilionário que sempre fez parte da ordem estabelecida, da elite que dá as ordens e manda na economia dos EUA. É um amigo de Hillary e Bill Clinton que só se tornou ex-amigo porque lhe deu na gana ser presidente dos EUA.
Agora é. Conseguiu o que queria. Há-de voltar as costas ao eleitorado que o elegeu logo que perceba que a única coisa que esse eleitorado tinha para lhe dar já foi dado: os votos de que ele precisava para ser eleito.
Já fez o elogio de Hillary Clinton. Já disse que vai representar todos os americanos. Vai-se tornar lentamente um republicano moderado e liberal. Os oportunistas têm sempre essa vantagem da metamorfose.
Trump ganhou contra grande parte do Partido Republicano mas foi graças a ele que o Partido Republicano manteve a maioria no Senado e no Congresso. Se Trump fosse o populista aventureiro que finge ser aproveitaria para minar o sistema político vigente, tirando partido do poder político pessoal que agora tem.
Mas não fará nada disso. O Partido Republicano tem agora tudo na mão.
Trump presidirá à complacência do poder político instalado, do poder recuperado das mãos de Obama. O velho sistema político será reforçado e os beneficiários serão os de sempre: os que menos precisam.
E os media? Que vamos nós fazer? Continuar em campanha? Continuar a enganarmo-nos e a enganar quem nos lê?
Mostrarmo-nos surpreendidos e atónitos não chega. Só revela o mau trabalho que fizemos. Dizer que foi um choque, que ninguém estava à espera só aponta para o mundo ilusório onde reside a nossa própria zona de conforto.
Não é Trump que tem de dar uma reviravolta. Somos nós. Trump ganhou porque foi eleito. Nós perdemos porque fomos derrotados pelos nossos próprios preconceitos e pelo excesso de zelo com que perseguimos a vitória de Hillary Clinton.
É um dia feliz para Donald Trump e para a maioria que o elegeu. Para nós é um dia triste e, do ponto de vista profissional, pelo menos para mim, vergonhoso.[/noticia]
"Azul, branca, indomável, imortal, como não pôr no Porto uma esperança se "daqui houve nome Portugal"?"