The Van

[Rui Santos]

Máquina de Arcada e Incêndio Na Floresta

[Sobrado]

Arcade Fire | Arcade Fire EP [2003]

Em 2003 o mundo da música foi bombardeado de surpresa por uma nova vaga de Baroque Pop vinda da América, por um grupo que resultava na junção de uns norte-americanos de Houston e de uns canadianos de Montreal, encabeçado pelo casal Win Butler e Régine Chassagne. Ninguém poderia prever, na altura, que uma banda com um número de elementos acima do normal (varia entre os sete e os dez, por vezes mais ao vivo), que, ainda por cima, aparentava ser completamente tresloucada em palco, com performances caóticas e imprevisíveis se viesse a tornar na banda mais consensual do século XXI: estamos a falar dos geniais Arcade Fire.

Este EP homónimo foi o início perfeito de uma carreira até agora preenchida por um EP (este mesmo) e três LP's (que verão ser contempladas reviews nos próximos dias aqui no Primavera Sound), mas, caso só conheças a obra mais recente dos Arcade Fire, poderá não ser fácil assimilar o lo-fi que se ouve nestes Arcade Fire dos primórdios da sua carreira. Uma voz muito "ao natural" de Régine e Win aliadas a uma mescla de instrumentos dos mais variados, todos a tocar enraivecidamente ao mesmo tempo, são constantes neste disco, raiva essa também muito audível no seu sucessor, "Funeral", que é para o Sobrado um dos melhores álbuns de todos os tempos e, sem dúvida, o melhor do século em que vivemos.

Caso nunca tenhas ouvido Arcade Fire, talvez o melhor seja não começar por aqui. É bom entrar primeiro na "química" da banda e começar por ouvir os LP's e depois fazer uma espécie de viagem no tempo até chegar à fase mais crua do colectivo canadiano.

Podemos ouvir ecos de, por exemplo, Art-Rock dos 70's e 80's durante todo o álbum, Acid-Folk de Neutral Milk Hotel na versão "rude" (e, diga-se, a original) de "No Cars Go", ou de Yann Tiersen em "Vampire/Forest Fire", mas uma das coisas que melhor caracteriza os Arcade Fire é exactamente o facto de ser incaracterizável e incomparável. Até nas letras tão nostálgicas que ouvimos. Mas é uma banda que tudo o que faz é absolutamente perfeito.

[align=center][video=youtube][media=youtube]DBLDffH0h-E[/media]

Análise individual às faixas:
Começamos este EP com “Old Flame”, uma música num estilo que veremos em Funeral. Mas isso é só amanhã… uma boa música de introdução, com, ora imaginem só, um acordeão! Brilhante. “I’m Sleeping In A Submarine”, parece-nos uma referência a “Yellow Submarine”, mas a nível musical, nada a ver. Uma voz interessante de Regine dão uma grande intensidade a esta música! Em “No Cars Go”, uma versão completamente diferente da versão single e que muita gente conhece, mas não significa pior. Consegue ter, também ela, o eargasm da edição do “Neon Bible”. Os instrumentos realçam-se mais, a voz é mais lo-fi. Magnífico. “The Woodland National Anthem”, mais uma percursão brilhante, com, mais uma vez, Regine a espalhar a sua voz aguda pela música, contrastando com a do seu marido. “My Heart Is An Apple”, e a genialidade continua. Refrão mágico, mais uma diferença entre Win e Regine. Epah, maravilhoso. “Headlights Look Like Diamonds”, e a qualidade baixa. Contudo, um final de música excelente é o que se retira desta sexta faixa. Mesmo assim, muito abaixo do que os Arcade são capazes de fazer. Chegamos ao fim deste EP, e em “Vampire/Forest Fire” voltamos à qualidade inicial. Uma excelente música para acabar este pequeno álbum, e que não admira ter dado nas três obras-primas que se seguem. Uma melodia linda, com uma referência ao terceiro álbum.

Nota para o Mingos: 5
Nota para o Sobrado: 5
Nota Média: 5

[Dani]

Old Flame.

[Rui Santos]

Pelo que eu me lembro de quando ouvi este EP, não achei nada de especial. Um dia destes dou-lhe outra oportunidade...de qualquer das maneiras os 3 LP's são divinais :')

[Sobrado]

Old Flame.

Das melhores.

Pelo que eu me lembro de quando ouvi este EP, não achei nada de especial. Um dia destes dou-lhe outra oportunidade...de qualquer das maneiras os 3 LP's são divinais :')

Fazes bem.

[zurrilho]

Nunca ouvi

[Zeus]

É tao bom que ate fui ali ouvir um cadinho.

Btw, 5 ? lolwut

[Sobrado]

Nunca ouvi

Devias.

É tao bom que ate fui ali ouvir um cadinho.

Btw, 5 ? lolwut

Se estivesses atento saberias que os EP's só são avaliados de 0 a 5.

[Zeus]

por acaso pensei nisso, e ate me questionei se seria pelo facto de ser um EP, mas não me dei ao trabalho de ir atrás ver. rsrsrsrsrs

[Mingos]

Melhor banda do mundo.

[Mingos]

Arcade Fire | Funeral [2004]

Depois de ontem já termos ouvido o trabalho com o qual os Arcade Fire se mostraram ao Mundo, hoje ouviremos aquele que é o disco que os levou ao estrelato. Funeral é um álbum que se pode considerar, de certa forma, conceptual, visto que foi assim baptizado devido à morte de muitos familiares e pessoas próximas dos músicos da banda durante o tempo de composição e gravação do mesmo, facto que se reflecte no carácter nostálgico não só das melodias como das letras. A saudade (sdds) é uma temática novamente bem presente nas canções que compõem o disco, e que, aliás viria a acompanhar a banda durante toda a sua carreira até aos dias de hoje.

E, bem, o que dizer de Funeral? Muito a dizer, certamente. O pior é mesmo conseguir exprimi-lo em palavras. Começando pelo que poderemos ouvir no álbum, e a que outras coisas poderemos compará-lo, bem, todas as faixas são diferentes e nos trazem algo de novo, mas o Art-Rock de David Bowie e o Pós-Punk dos anos 80 é bem perceptível em faixas como a já mítica "Neighborhood #2 (Laïka)", ou no autêntico hino "Wake Up" (que, aliás, é mesmo hino de entrada no estádio do Aston Villa e do Burnley). A influência "clássica" dos violinos e piano a traçarem a melodia "Neighborhood #1 (Tunnels)" ou "Neighborhood #4 (7 Kettles)", a batida Disco em "Crown Of Love" ou a raiva em estado de fusão com subtileza em "Rebellion (Lies)" ou "In The Backseat" são bem características da mudança que estes canadianos trouxeram ao mundo da música. Algo completamente diferente, indescritível.

Este início fulgurante de carreira que os Arcade Fire demonstraram com Funeral foi comprovado pelos portugueses, em primeira mão e ao vivo, no Festival de Paredes de Coura, que marcava a estreia da banda em Portugal. Sorte, muita sorte de quem lá esteve. Estávamos em 2005 e não consigo imaginar o sentimento daqueles poucos milhares de pessoas a admirarem todo o talento daquela que seria a "the next big thing" do século.

Sabendo que muitos do que frequentamos o Fórum somos adolescentes ou passamos há pouco essa fase da nossa vida, convém dizer que Funeral é um álbum para "nós". Nós, que somos putos, sabemos. Todos nós, os que são, os que foram, todos nós sabemos o que é ser puto. O que é ser adolescente, o que é aquela rapariga não olhar para nós, o que é os nossos pais não nos deixarem estar fora de casa até tarde, essas milhentas birras estúpidas das quais um dia vamos rir. Os Arcade Fire também sabem, e não querem esquecer.

Funeral é um daqueles discos, um disco memorável do princípio ao fim, em que muito dificilmente conseguimos distinguir as melhores canções das piores. Muito já foi dito e escrito sobre o disco. Deve ser tudo verdade, menos as partes más. Este álbum faz-nos querer ser puto p'ra sempre. E que assim seja.

[align=center][video=youtube][media=youtube]9zdNdjF-htY[/media]

Análise individual às faixas:“Neighborhood #1 (Tunnels)” e começa um dos melhores álbuns de sempre, com uma das melhores músicas de sempre. Tem tudo, simplesmente. Faltam palavras para descrever isto. E, repentinamente, em “Neighborhood #2 (Laika)”, para o Mingos, uma das músicas favoritas do reportório dos canadianos. Uma percussão viciante, com uma voz saída de um grito de luta. A genialidade continua. E não acaba, “Une Année Sans Lumière”, um misto de francês e inglês, e uma música bastante soft no início, e no fim com uma batida que nos apetece dançar ao ritmo dela. Brilhante. “Neighborhood #3 (Power Out)”, e o único ponto fraco do álbum para o Mingos. O Sobrado mandou-me dar uma curva ao bilhar grande. Sonoridade bastante interessante e com uma guitarra muito bem interpretada. “Neighborhood #4(7 Kettles)” e acaba a secção da vizinhança. Música muito mais calma que as anteriores, com violinos bem destacados, um piano sempre presente, enfim, música completamente diferente do habitual. Único. Em “Crown Of Love” temos uma música de amor e nada lamechas. Um riff de violinos (!), desintegrado da atualidade em que se insere, mesmo assim não deixa de ser formidável. Acaba num ritmo estonteante, e nós agradecemos. E agora, a melhor música do século. Um daqueles hinos que chega ao fim e só dizemos "foda-se". Indescritível a sensação. Autêntico grito de revolta, nem que seja contra o frio canadiano. Do caralho. Falamos, claro, de “Wake Up”. Varia de momentos de autêntica explosão para momentos mais calmos. Maravilhoso. Em “Haiti”, pequeno “coffee break” e uma homenagem às origens de Régine. “Haiti” fala de Portugal (não, fala do Haiti lol), terra dos antecessores da canadiana. Música de muita fácil audição. “Rebellion (Lies)” e mais uma música de revolta, mais uma das melhores do século. Excelente o piano, excelente o baixo, excelente o solo de violino, excelente o refrão: “Everytime you close your eyes! (LIES LIES)”. Extraordinário (estão me a faltar as palavras). E acabamos o álbum com “In The Backseat”. Uma Régine que esteve pouco presente neste álbum dá-nos uma música para nos maravilhar-mos. Os violinos, o piano, a voz, tudo. Obrigado Arcade Fire por isto. Vós sóis a melhor banda da atualidade. Isto, na perspectiva pessoal do Mingos, digo isto sem papas nas línguas, sendo fanboy de The Strokes e The Black Keys. Eles são a prova de que haverá sempre música boa a ser feita. “Sdds Pink Floyd e Beatles”, eu respondo “Bem Haja Arcade Fire!”

Nota para o Mingos: 10
Nota para o Sobrado: 10
Nota Média: 10

[Dani]

Só li os bolds, porque não é preciso ler para saber que é dos melhores álbuns do século.

[Mingos]

Este é daqueles textos que vos peço para o lerem todo. Está simplesmente magnífico por parte do Sobrado

[Neves]

tl;dr

e é o amor arcade fire cumps

[leo218]

A-WESOME

so isto que tenho a dizer