28-06-2015, 14:06
[noticia=Expresso]Auditoria à gestão do Sporting implica ex-gestores
Expresso revela análise à gestão do SCP. E uma "tendência crescente e vertiginosa". Um retrato polémico
Negócios imobiliários decididos à porta fechada. Derrapagens nos custos. Receitas que não abatem dívidas. Passivo galopante. Dirigentes que trabalham para empresas contratadas. Fornecedores sem contratos. Comissões altas de jogadores. A auditoria de gestão ao Sporting está pronta, vai ser apresentada este domingo aos sócios e põe em causa equipas de gestão do passado, denunciando irregularidades sem concretizar indícios criminais. O nome de Godinho Lopes é o mais citado. E o principal caso é o da construção do estádio.
Bruno de Carvalho cumprirá assim a promessa eleitoral de publicar os resultados de uma auditoria de gestão aos últimos anos do Sporting, cuja legalidade já foi questionada por ele próprio. A auditoria, realizada pela Mazars, vai da presidência de Santana Lopes e José Roquette (Junho de 1995) ao final do mandato de Godinho Lopes (Março de 2013). O Expresso teve acesso aos documentos de síntese, que evidenciam um contraste: no final de 1994, o Sporting tinha um património imobiliário de €55 milhões e uma dívida bancária quase inexistente; a meio de 2013, o património imobiliário era quase inexistente e a dívida bancária ascendia a €331 milhões.
PASSIVO DESCONTROLADO
De 1995 a 2013 foram feitos negócios imobiliários no valor de €174 milhões. Mas as receitas "não permitiram, ao contrário do que foi anunciado de forma sucessiva nas Assembleias Gerais, reduzir significativamente o passivo bancário do Grupo SCP nem financiar os avultados investimentos dos projetos de construção do novo estádio e do centro de estágio". Em vez disso, as receitas foram sobretudo encaminhadas para a equipa de futebol, em que foram investidos, naquele período, €261 milhões. Os financiamentos apresentaram uma "tendência crescente e vertiginosa", implicando "uma deterioração constante da situação económico-financeira" do Sporting.
DERRAPAGEM NO ESTÁDIO
O novo estádio de Alvalade foi construído num terreno ao lado do velho estádio, mas o projeto inicial era ser no mesmo local. A mudança foi feita "em manifesta contradição com o PDM da cidade de Lisboa". "Da análise efetuada nos diversos documentos", diz a auditoria, "não se apresenta como claramente identificada a razão". Mas sabe-se a consequência: "Significativos atrasos na alienação de património com o consequente impacto financeiro negativo."
A construção do estádio havia sido entregue em 1997 a um consórcio constituído pela Ballast Nedam Internacional, Somague e Teixeira Duarte. O acordo foi rescindido no ano 2000, alegando-se falta de acordo quanto ao preço. O Sporting assumiu a gestão das empreitadas, recorrendo aos serviços da Kaiser Engenharia. E indemnizou o consórcio em €2,2 milhões.
Em 2000, a perspetiva era de que o Alvalade XXI custasse €106 milhões. O custo final do Alvalade XXI ascendeu a €184 milhões, mais 74%. O desvio de €80 milhões deveu-se sobretudo a empreitadas com os 21 principais fornecedores, incluindo as construtoras Alves Ribeiro, Novopca e Opca. Dos 21 empreiteiros, a auditoria não encontrou "evidência que suporte a escolha do fornecedor por parte da entidade fiscalizadora da obra" em 13: Ambisider, Ballast, Earth Teach, Fernando Branco, GRID, IBM, Martifer, Philips, Tecnovia, Tomás Taveira, MRB, Sono e Monte Meão.
CONFLITOS DE GODINHO?...
Quando o Sporting celebrou o acordo com o consórcio com a Somague, Godinho Lopes era administrador da construtora. Mais tarde, Godinho Lopes passa a administrador do Sporting, deixando a Somague. É precisamente "nessa mesma altura que se resolve o acordo com o consórcio e se assume a gestão direta da obra".
... E DE GASPAR FERREIRA?
A mudança de local deixou vazio o terreno onde estava o velho José de Alvalade. Este terreno foi entretanto vendido à MDCI, Multi Development Corporation, hoje controlada pelo Blackstone. A mudança significou prejuízos para o SCP, até porque a área edificável reduziu-se de 149 mil para 109 mil metros quadrados. "De salientar, ainda, que as negociações com a MDCI foram conduzidas pelo administrador Diogo Gaspar Ferreira, administrador esse que, mais tarde, em 2003, transita para diretor da MDCI".
O FRACASSO DO ALVALÁXIA
O negócio da Silcoge passou pela venda de património não desportivo, onde se inclui o Alvaláxia, o Holmes Place ou o edifício administrativo, e não rendeu o previsto. A auditoria defende mesmo a invalidade devido à "deliberação da Assembleia Geral que fixou o âmbito e conteúdo da delegação de poderes no Conselho Leonino para autorizar o negócio e a deliberação deste órgão que autorizou o negócio". Estava estimado um encaixe de €50 milhões que não se verificou. A deliberação do Conselho Leonino, de 16 de novembro de 2006, é questionada por não ter havido um parecer prévio do Conselho Fiscal e Disciplinar. A auditora levanta também dúvidas sobre os contratos de intermediação que renderam comissões à Silfidúcia e à Dignidade e Firmeza.
POSTOS DE COMBUSTÍVEIS
Há avaliações contrárias no negócio de cessão e exploração de dois postos de combustível em Lisboa, na Avenida Gago Coutinho e na Avenida Santos e Castro. O Sporting recebeu menos do que o valor de mercado.
ACADEMIA
Foi considerado um negócio em linha com "os valores praticados no mercado para transações efetuadas em condições e circunstâncias idênticas ou aproximadas". Tratou-se da aquisição do prédio em Alcochete onde veio a ser instalado o centro de estágios por um preço de €498,8 mil. O financiamento, contratado com o BCP em dezembro de 2000, serviu inicialmente para a aquisição, mas dois meses depois foi transformado em quase €6 milhões a pagar em pouco mais de 16 anos.
ALVALADE E CONSTRUZ
Os negócios da Quinta de Alvalade (venda de lotes junto ao estádio) e da Construz (lotes em Telheiras Norte) foram realizados por valores em linha com o mercado. No entanto, ambos devem ser considerados inválidos por não terem parecer prévio do Conselho Fiscal e Disciplinar e por ter havido intermediação que rendeu comissões de €200 mil (no conjunto dos dois negócios) sem que tenha sido encontrado qualquer contrato.
SGPIS
A venda da participação de 50% que o Sporting tinha na SGPIS, empresa que gere parques de estacionamento, não teve autorização em Assembleia Geral, como impõem os estatutos do SCP. O encaixe foi de €1,89 milhões.[/noticia]
[noticia=Expresso]Auditoria denuncia negócios "questionáveis" do Sporting com agentes e fundos
Agentes e fundos de investimento receberam no passado comissões acima dos valores normais de mercado por vendas, transferências e empréstimos com jogadores com o Sporting
A política do Sporting para o futebol é apostar na formação interna para reduzir investimentos, mas a auditoria à gestão anterior do clube, encomendada por Bruno de Carvalho (que o Expresso revela na edição deste sábado nas bancas), aponta despesas consideradas exageradas nas comissões de agentes, nos contratos de direitos de imagem dos atletas e nas negociações com os fundos de investimento.
Em 21 compras, vendas e empréstimos registados são assinalados dez casos em que o montante das comissões pago aos agentes "se encontra acima do valor de mercado".
Se a percentagem de uma intermediação deveria rondar os 10%, há alguns negócios em que o valor é superior, como nas compras de Ricardo Batista (28,1%), Farnerud (18,9%) e Carlos Paredes (16,7%) e nos empréstimos de William Owuso (19,8%) e Gladstone (15,9%). Mais: nos negócios de Rodrigo Tiui, Simon Vukcevic, Rabiu Ibrahim, Leandro Grimi e Marian Had não havia sequer contratos escritos de representação (apesar de as comissões terem sido pagas), o que pode significar a nulidade dos mesmos.
A auditoria também questiona a celebração de oito contratos de direitos de imagem, no valor de 6,2 milhões de euros, "que já haviam sido, pelo menos em parte, cedidos pelos respetivos jogadores aquando da assinatura do contrato de trabalho desportivo", explicando que a sobreposição parcial injustificada foi "um gasto manifestamente excessivo".
O resgate dos direitos económicos de seis jogadores a fundos de investimento também é questionado devido à forma de pagamento: ações da SAD valorizadas ao preço unitário de 2 euros, quando, à data do acordo (15 de outubro de 2007), o valor das ações era de 2,35 euros. Ou seja, o Sporting ficou a perder 570 mil euros na transação, para além de também ter tido prejuízo na recompra dos direitos de João Moutinho (vendidos por 350 mil euros e recuperados por 890 mil) e de Yannick Djaló (vendidos por 460 mil euros e recuperados por 640 mil euros).
Em relação à gestão de recursos humanos, o documento também não aprova os gastos "superiores à prática de mercado" no pagamento de compensações relativas à revogação de contratos de trabalho e questiona o facto de as remunerações atribuídas aos administradores não terem sido aprovadas por nenhum órgão competente (nem em Assembleia Geral nem por uma Comissão de Vencimentos), o que determina a nulidade do pagamento.[/noticia]
[noticia=Expresso]Auditoria: Sporting contratava empresas de trabalhadores e de conselheiro
Auditoria à gestão lista contratos duvidosos com fornecedores. Incluindo com empresas de pessoas que trabalhavam no Sporting. Há um caso de um membro do Conselho Leonino
Contratos que “não foram reduzidos a escrito”, dos quais se “desconhece a que título foi feito o pagamento”, sem “propostas concorrentes para a prestação dos mesmos serviços” e “bonificações atribuídas sem enquadramento contratual”. No mandato de Soares Franco, que mereceu um capítulo específico da auditoria, são identificadas irregularidades na contratação de serviços a fornecedores. De 2005 a 2009, o fornecimento de bens e serviços movimentou 76,2 milhões de euros.
A auditoria analisa em especial seis “contratos relevantes”, que têm um impacto global de quatro milhões de euros. O problema começa logo na palavra contrato: apenas dois dos seis foram redigidos. Dos outros não há sequer documentos. Em causa estão acordos com a New Next Moves, a Phedra Sport, a Hipostadium, a Care, com Pierre Debourdeau e com a Casa do Marquês.
O maior dos contratos foi estabelecido com a Casa do Marquês, empresa de catering e que explora espaços de refeição no Estádio José Alvalade. Entre custos não contratualizados, renegociação de contrato e aumento dos preços do catering somam mais de 3,275 milhões de euros. Um dos administradores da Casa do Marquês é José Eduardo Sampaio, ex-jogador do Sporting e membro do Conselho Leonino eleito em 2011.
As relações contratuais dúbias com prestadores de serviços também têm modalidades diversas. Há colaboradores dispensados, indemnizados e recontratados, como Pedro Batalha Reis: após ter sido dispensado do Sporting, uma empresa de que ele é sócio único, a Hipostadium, foi contratada. Execução do contrato: 100 mil euros.
Noutro fornecedor, “parte dos funcionários que prestavam serviço por conta da Care tinham vínculo contratual com o Sporting”, sendo que “os pagamentos ao pessoal eram realizados diretamente com o dinheiro da bilheteira”: o dinheiro era pago por “baixo da mesa”, evitando o pagamento de impostos. O Sporting pagou à empresa 930 mil euros.
No caso de Pierre Debourdeau, o Sporting pagou 62 mil euros mas “não foi obtida evidência dos serviços prestados”.
E com a Phedra Sport houve pagamentos devidos mas não reclamados: uma indemnização de cem mil euros por incumprimento relativo ao jogo particular com o Hertha de Berlin, que não chegou a acontecer.[/noticia]
Tanto roubo.
[USER=51]@Ricardo Assunção[/USER] [USER=3318]@PeterRyder[/USER] [USER=2867]@Al Sah-him[/USER] [USER=2743]@MFMC[/USER]
Expresso revela análise à gestão do SCP. E uma "tendência crescente e vertiginosa". Um retrato polémico
Negócios imobiliários decididos à porta fechada. Derrapagens nos custos. Receitas que não abatem dívidas. Passivo galopante. Dirigentes que trabalham para empresas contratadas. Fornecedores sem contratos. Comissões altas de jogadores. A auditoria de gestão ao Sporting está pronta, vai ser apresentada este domingo aos sócios e põe em causa equipas de gestão do passado, denunciando irregularidades sem concretizar indícios criminais. O nome de Godinho Lopes é o mais citado. E o principal caso é o da construção do estádio.
Bruno de Carvalho cumprirá assim a promessa eleitoral de publicar os resultados de uma auditoria de gestão aos últimos anos do Sporting, cuja legalidade já foi questionada por ele próprio. A auditoria, realizada pela Mazars, vai da presidência de Santana Lopes e José Roquette (Junho de 1995) ao final do mandato de Godinho Lopes (Março de 2013). O Expresso teve acesso aos documentos de síntese, que evidenciam um contraste: no final de 1994, o Sporting tinha um património imobiliário de €55 milhões e uma dívida bancária quase inexistente; a meio de 2013, o património imobiliário era quase inexistente e a dívida bancária ascendia a €331 milhões.
PASSIVO DESCONTROLADO
De 1995 a 2013 foram feitos negócios imobiliários no valor de €174 milhões. Mas as receitas "não permitiram, ao contrário do que foi anunciado de forma sucessiva nas Assembleias Gerais, reduzir significativamente o passivo bancário do Grupo SCP nem financiar os avultados investimentos dos projetos de construção do novo estádio e do centro de estágio". Em vez disso, as receitas foram sobretudo encaminhadas para a equipa de futebol, em que foram investidos, naquele período, €261 milhões. Os financiamentos apresentaram uma "tendência crescente e vertiginosa", implicando "uma deterioração constante da situação económico-financeira" do Sporting.
DERRAPAGEM NO ESTÁDIO
O novo estádio de Alvalade foi construído num terreno ao lado do velho estádio, mas o projeto inicial era ser no mesmo local. A mudança foi feita "em manifesta contradição com o PDM da cidade de Lisboa". "Da análise efetuada nos diversos documentos", diz a auditoria, "não se apresenta como claramente identificada a razão". Mas sabe-se a consequência: "Significativos atrasos na alienação de património com o consequente impacto financeiro negativo."
A construção do estádio havia sido entregue em 1997 a um consórcio constituído pela Ballast Nedam Internacional, Somague e Teixeira Duarte. O acordo foi rescindido no ano 2000, alegando-se falta de acordo quanto ao preço. O Sporting assumiu a gestão das empreitadas, recorrendo aos serviços da Kaiser Engenharia. E indemnizou o consórcio em €2,2 milhões.
Em 2000, a perspetiva era de que o Alvalade XXI custasse €106 milhões. O custo final do Alvalade XXI ascendeu a €184 milhões, mais 74%. O desvio de €80 milhões deveu-se sobretudo a empreitadas com os 21 principais fornecedores, incluindo as construtoras Alves Ribeiro, Novopca e Opca. Dos 21 empreiteiros, a auditoria não encontrou "evidência que suporte a escolha do fornecedor por parte da entidade fiscalizadora da obra" em 13: Ambisider, Ballast, Earth Teach, Fernando Branco, GRID, IBM, Martifer, Philips, Tecnovia, Tomás Taveira, MRB, Sono e Monte Meão.
CONFLITOS DE GODINHO?...
Quando o Sporting celebrou o acordo com o consórcio com a Somague, Godinho Lopes era administrador da construtora. Mais tarde, Godinho Lopes passa a administrador do Sporting, deixando a Somague. É precisamente "nessa mesma altura que se resolve o acordo com o consórcio e se assume a gestão direta da obra".
... E DE GASPAR FERREIRA?
A mudança de local deixou vazio o terreno onde estava o velho José de Alvalade. Este terreno foi entretanto vendido à MDCI, Multi Development Corporation, hoje controlada pelo Blackstone. A mudança significou prejuízos para o SCP, até porque a área edificável reduziu-se de 149 mil para 109 mil metros quadrados. "De salientar, ainda, que as negociações com a MDCI foram conduzidas pelo administrador Diogo Gaspar Ferreira, administrador esse que, mais tarde, em 2003, transita para diretor da MDCI".
O FRACASSO DO ALVALÁXIA
O negócio da Silcoge passou pela venda de património não desportivo, onde se inclui o Alvaláxia, o Holmes Place ou o edifício administrativo, e não rendeu o previsto. A auditoria defende mesmo a invalidade devido à "deliberação da Assembleia Geral que fixou o âmbito e conteúdo da delegação de poderes no Conselho Leonino para autorizar o negócio e a deliberação deste órgão que autorizou o negócio". Estava estimado um encaixe de €50 milhões que não se verificou. A deliberação do Conselho Leonino, de 16 de novembro de 2006, é questionada por não ter havido um parecer prévio do Conselho Fiscal e Disciplinar. A auditora levanta também dúvidas sobre os contratos de intermediação que renderam comissões à Silfidúcia e à Dignidade e Firmeza.
POSTOS DE COMBUSTÍVEIS
Há avaliações contrárias no negócio de cessão e exploração de dois postos de combustível em Lisboa, na Avenida Gago Coutinho e na Avenida Santos e Castro. O Sporting recebeu menos do que o valor de mercado.
ACADEMIA
Foi considerado um negócio em linha com "os valores praticados no mercado para transações efetuadas em condições e circunstâncias idênticas ou aproximadas". Tratou-se da aquisição do prédio em Alcochete onde veio a ser instalado o centro de estágios por um preço de €498,8 mil. O financiamento, contratado com o BCP em dezembro de 2000, serviu inicialmente para a aquisição, mas dois meses depois foi transformado em quase €6 milhões a pagar em pouco mais de 16 anos.
ALVALADE E CONSTRUZ
Os negócios da Quinta de Alvalade (venda de lotes junto ao estádio) e da Construz (lotes em Telheiras Norte) foram realizados por valores em linha com o mercado. No entanto, ambos devem ser considerados inválidos por não terem parecer prévio do Conselho Fiscal e Disciplinar e por ter havido intermediação que rendeu comissões de €200 mil (no conjunto dos dois negócios) sem que tenha sido encontrado qualquer contrato.
SGPIS
A venda da participação de 50% que o Sporting tinha na SGPIS, empresa que gere parques de estacionamento, não teve autorização em Assembleia Geral, como impõem os estatutos do SCP. O encaixe foi de €1,89 milhões.[/noticia]
[noticia=Expresso]Auditoria denuncia negócios "questionáveis" do Sporting com agentes e fundos
Agentes e fundos de investimento receberam no passado comissões acima dos valores normais de mercado por vendas, transferências e empréstimos com jogadores com o Sporting
A política do Sporting para o futebol é apostar na formação interna para reduzir investimentos, mas a auditoria à gestão anterior do clube, encomendada por Bruno de Carvalho (que o Expresso revela na edição deste sábado nas bancas), aponta despesas consideradas exageradas nas comissões de agentes, nos contratos de direitos de imagem dos atletas e nas negociações com os fundos de investimento.
Em 21 compras, vendas e empréstimos registados são assinalados dez casos em que o montante das comissões pago aos agentes "se encontra acima do valor de mercado".
Se a percentagem de uma intermediação deveria rondar os 10%, há alguns negócios em que o valor é superior, como nas compras de Ricardo Batista (28,1%), Farnerud (18,9%) e Carlos Paredes (16,7%) e nos empréstimos de William Owuso (19,8%) e Gladstone (15,9%). Mais: nos negócios de Rodrigo Tiui, Simon Vukcevic, Rabiu Ibrahim, Leandro Grimi e Marian Had não havia sequer contratos escritos de representação (apesar de as comissões terem sido pagas), o que pode significar a nulidade dos mesmos.
A auditoria também questiona a celebração de oito contratos de direitos de imagem, no valor de 6,2 milhões de euros, "que já haviam sido, pelo menos em parte, cedidos pelos respetivos jogadores aquando da assinatura do contrato de trabalho desportivo", explicando que a sobreposição parcial injustificada foi "um gasto manifestamente excessivo".
O resgate dos direitos económicos de seis jogadores a fundos de investimento também é questionado devido à forma de pagamento: ações da SAD valorizadas ao preço unitário de 2 euros, quando, à data do acordo (15 de outubro de 2007), o valor das ações era de 2,35 euros. Ou seja, o Sporting ficou a perder 570 mil euros na transação, para além de também ter tido prejuízo na recompra dos direitos de João Moutinho (vendidos por 350 mil euros e recuperados por 890 mil) e de Yannick Djaló (vendidos por 460 mil euros e recuperados por 640 mil euros).
Em relação à gestão de recursos humanos, o documento também não aprova os gastos "superiores à prática de mercado" no pagamento de compensações relativas à revogação de contratos de trabalho e questiona o facto de as remunerações atribuídas aos administradores não terem sido aprovadas por nenhum órgão competente (nem em Assembleia Geral nem por uma Comissão de Vencimentos), o que determina a nulidade do pagamento.[/noticia]
[noticia=Expresso]Auditoria: Sporting contratava empresas de trabalhadores e de conselheiro
Auditoria à gestão lista contratos duvidosos com fornecedores. Incluindo com empresas de pessoas que trabalhavam no Sporting. Há um caso de um membro do Conselho Leonino
Contratos que “não foram reduzidos a escrito”, dos quais se “desconhece a que título foi feito o pagamento”, sem “propostas concorrentes para a prestação dos mesmos serviços” e “bonificações atribuídas sem enquadramento contratual”. No mandato de Soares Franco, que mereceu um capítulo específico da auditoria, são identificadas irregularidades na contratação de serviços a fornecedores. De 2005 a 2009, o fornecimento de bens e serviços movimentou 76,2 milhões de euros.
A auditoria analisa em especial seis “contratos relevantes”, que têm um impacto global de quatro milhões de euros. O problema começa logo na palavra contrato: apenas dois dos seis foram redigidos. Dos outros não há sequer documentos. Em causa estão acordos com a New Next Moves, a Phedra Sport, a Hipostadium, a Care, com Pierre Debourdeau e com a Casa do Marquês.
O maior dos contratos foi estabelecido com a Casa do Marquês, empresa de catering e que explora espaços de refeição no Estádio José Alvalade. Entre custos não contratualizados, renegociação de contrato e aumento dos preços do catering somam mais de 3,275 milhões de euros. Um dos administradores da Casa do Marquês é José Eduardo Sampaio, ex-jogador do Sporting e membro do Conselho Leonino eleito em 2011.
As relações contratuais dúbias com prestadores de serviços também têm modalidades diversas. Há colaboradores dispensados, indemnizados e recontratados, como Pedro Batalha Reis: após ter sido dispensado do Sporting, uma empresa de que ele é sócio único, a Hipostadium, foi contratada. Execução do contrato: 100 mil euros.
Noutro fornecedor, “parte dos funcionários que prestavam serviço por conta da Care tinham vínculo contratual com o Sporting”, sendo que “os pagamentos ao pessoal eram realizados diretamente com o dinheiro da bilheteira”: o dinheiro era pago por “baixo da mesa”, evitando o pagamento de impostos. O Sporting pagou à empresa 930 mil euros.
No caso de Pierre Debourdeau, o Sporting pagou 62 mil euros mas “não foi obtida evidência dos serviços prestados”.
E com a Phedra Sport houve pagamentos devidos mas não reclamados: uma indemnização de cem mil euros por incumprimento relativo ao jogo particular com o Hertha de Berlin, que não chegou a acontecer.[/noticia]
Tanto roubo.
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