23-10-2013, 23:10
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FMPT BatRacer F1's Great Drives
Domingos Costa, Melbourne, 2º Torneio
![[Imagem: suti_forc_melb_2011-2.jpg]](http://www.f1fanatic.co.uk/wp-content/uploads/2011/03/suti_forc_melb_2011-2.jpg)
Português como tantos outros nestes torneios. Ratice pura. Sotaque forte de quem nasceu na urbe portuense. Trejeitos de miúdo típico da classe média alta do burgo nortenho. Dois meses depois de completar 18 anos de idade, Domingos Bernardino Pereira da Costa faria naquela tarde ardente de Verão australiano a sua estreia na Fórmula 1. Era o início da carreira na Fórmula 1 de um dos génios do automobilismo.
Domingos Costa, pelos resultados que obteve nas categorias de base, sempre foi aguardado com grande expectativa. Mais expectativa que um Daniel Ferreira, Leandro Ferreira ou Rafael Almeida. Jornais e revistas já dedicavam amores e paixões pelo piloto, que aprendeu a gostar de velocidade ainda em criança. Para imaginarem, a revista Autosport Portugal dedicou 4 páginas a Domingos Costa quando esteve andava ainda de kart. Consegue-se imaginar tamanha admiração por um kartista?
Domingos terminou o ano de 2011 com a moral lá no alto. Campeão da GP2, além disso, ele tinha uma carta na manga que um André Faustino ou Miguel Guedes não tinham: um pai rico. Pai rico esse que tentou colocar o seu filho numa Renault ou Mercedes. Daniel Ferreira tentou colocá-lo na Mercedes mas depois olhou para João Neves, admitido segundo piloto que sempre o ajudou na temporada anterior. Veto. Renault, era a que se seguia. Mas Eric Boullier nem sequer se prestou a ouvir Domingos, pai de Domingos. Preferiu escolher o romeno Emanuel Santos, que trazia patrocinadores da Roménia. João Heleno, foi o 2º escolhido para a construtora francesa. Irritado, só restava ao matosinhense entrar numa estreante: Force India ou Sauber queriam-no. Optou pela primeira.
Equipa perfeita para ele. Não era grande, mas também não era uma Hispania. Afastada da Fórmula 1 no primeiro torneio, a Force India tinha muito potencial para ser a 6ª força da F1. Tinha bons patrocinadores, da casa. Estava investindo num ambicioso carro com controle de tração. De nota, ainda tinha um ambiente sossegado e era comandado por um indiano que tinha como objectivo lançar jovens pilotos. Além de Domingos Costa, Vihaj Mallya lançou José Luís Ginjo, Leonardo Gonçalves, Luís Sobrado e João Damas. Mallya anuncia Domingos, quase como um pedido de casamento, no Palácio de Cristal. Num elogio rasgado, diz que "Domingos Costa tem potencial para ser melhor que Daniel Ferreira!". Exagerado? Não tanto.
Domingos Costa seria o primeiro piloto da Force India. A equipa demorou um pouco para anunciar o seu segundo piloto. As dúvidas padeciam entre um piloto provindo do primeiro torneio ou um rookie. Em Fevereiro de 2011, o anúncio caiu sobre Samuel Filipe, sulista que havia comido o pão que os diabos amassaram naquela Ferrari do 1º Torneio e precisava de uma casa nova para retomar o fôlego. Filipe estava deprimido, desanimado, triste. Diz a lenda que além de ter levado um chute no cú de Maranello, a sua casa tinha sido assaltado no dia do kick e que ficou com um belo par de chifres da sua então namorada. A vida não estava doce para ele. E não devia ficar melhor depois de saber quem seria o seu companheiro.
Na pista, Domingos já pilotava o seu novo brinquedo no Estoril. Nos testes de pré-temporada, andou bem e fez bonito, mas alguns problemas de câmbio previam o pior. Mas as previsões eram as melhores. Se nada partisse, os pontos eram uma realidade.
2º Torneio.
Domingos Costa senta-se no bólide com as cores indianas. A maioria dos pilotos hoje em dia ainda borravam a cueca/fralda e pediam à mãe a chupeta.
O palco era a pista semi-citadina de Albert Park, Melbourne, Austrália. Melbourne recebia o seu 2º grande prémio dos Torneios FMPT BatRacer, depois de no 1º torneio, a vitória sorrir a Leandro Ferreira, em Red Bull, seguido dos surpreendentes Tiago Campos, em Hispania e André Lima, em Ferrari.
Domingos, Vihaj e Samuel chegaram a Melbourne duas semanas antes do grande prémio. O principal patrocinador da JForce India era a Kingfisher, companhia aérea de Vihaj Mallya. O patrão "obrigou" os pilotos a fazerem uma carrada de publicidade para eles apresentarem a equipa ao Mundo. Mas para Domingos, nada mal. Como era a sua estreia, ele até se vestia de palhaço e andava vestido de nas ruas de Melbourne.
Depois de alguns dias tirando fotos e sorrindo para os fotógrafos austrais, Domingos e seu compinchas Samuel entraram em pista pela primeira vez nos treinos livres. Haveria apenas 23 carros para participar do primeiro GP do ano: a Hispania não conseguiu encontrar o seu segundo piloto, obrigando Duarte Mota a correr sozinho.
Às 9h30 da manhã daquela sexta-feira, Domingo sentou num carro de Fórmula 1 como piloto oficial pela primeira vez na vida. Ligou o carro e foi para a pista não muito depois das luzes verdes indicarem o início da sessão livre, a primeira de toda a temporada. Ainda na volta inicial, Domingos ouviu do rádio a simpática mensagem do seu engenheiro, Gary Anderson: “seja bem-vindo ao mundo da Fórmula 1!”. O sonho virou realidade.
Aprender o traçado era o único objectivo alcançável. Mesmo assim, Domingos Costa não foi mal de todo. 11º lugar, a 0s9 do primeiro classificado do treino livre, Rafael Almeida. Nada mal.
No dia seguinte, Domingos participou de seu primeiro treino oficial na vida. Foi à pista e só conseguiu dar apenas quatro voltas com o primeiro jogo de pneus por causa de um furo que o coloca na caixa de brita. Fim de qualificação para Domingos Costa, 21º lugar do grid. Pior verificou-se com o que aconteceu a seguir: Samuel Filipe, seu companheiro, fez nada menos que o 2º lugar do grid. Sim, o desanimado foi à Q3 e ficou a 17 milésimas da pole-position. Chuva de críticas dos entendidos a Domingos Costa. Apesar de ele não ter tido culpa nenhuma.
O domingo amanheceu quente que só o Inferno sabe, mas com algumas nuvens marotas no céu. Domingos Costa andou pouco no warm-up, visando poupar alguns pneus que lhe seriam úteis para a corrida.
75 mil pessoas lotaram as arquibancadas de Albert Park para assistir ao primeiro GP de Fórmula 1 do 2º torneio. Na largada, Domingos Costa procurou livrar-se de confusões. Quase era colectado pelo tonto do Tiago Santos se espetou com Daniel Ferreira e tentou voltar à pista mesmo sem condições. Domingos desviou-se a tempo.
Apesar de muitos abandonos influenciarem a sua posição final, um brilhante 5º lugar, ninguém pode criticar a exibição de estreia (e de gala) de Domingos Costa, que, largando em 21º, galgou vários lugares e chegou a ultrapassar pilotos de ponta como Carlos Viero e António Silva durante a corrida.
Aquele foi o primeiro GP de Domingos Costa. Haveria outros. 306, para ser mais exacto. Nesses se incluem os campeonatos, as vitórias, os pódios, os pontos, os fracassos, as tristezas, as queixas, enfim, tudo aquilo que faz parte da carreira de um piloto que é muito bom, quiçá um génio.
"Azul, branca, indomável, imortal, como não pôr no Porto uma esperança se "daqui houve nome Portugal"?"